OS GATOS CONQUISTARAM A SOCIEDADE SUPERANDO AS CRENDICES
Vininha F. Carvalho
Os gatos
sempre foram alvos de muitas crendices: -“Se você ve um gato preto numa
sexta-feira 13 é melhor fazer o sinal da cruz para evitar má sorte”. “Cruzar
com gato preto na rua dá azar”. ”Quem pisa no rabo de um gato não casa no ano,
só nos anos seguintes”.
A
superstição teve origem na Idade Média, quando se acreditava que estes felinos,
devido a seus hábitos noturnos, se tornaram amigos inseparáveis da mística
figura da feiticeira, dando origem a lenda que eles possuíam sete vidas. Apesar
dos esforços empregado para acabar com eles, dificilmente diminuíam em número.
Isso porque, já naquela época, havia muitos de seus defensores, pessoas que
escondiam e criavam gatos secretamente.
No século
XV, o papa Inocêncio VIII (1432-1492) chegou a incluir o pequeno animal na
lista de perseguidos pela inquisição, campanha assassina da Igreja Católica
contra supostas heresias e bruxarias. Assim, os inquisidores afirmavam que só
tendo mesmo parte com misticismo e afins um animal sobreviveria, mesmo sendo
tão caçado. Surgindo, assim, o termo que o gato tem sete vidas. Dizem que a
escolha do “sete” é pelo fato deste ser um número cabalístico: o sétimo dia foi
o do descanso de Deus após a criação do universo, são sete os pecados capitais,
as notas musicais e as cores do arco-íris. Na França, a perseguição aos gatos
durou até 1630, quando foi proibida pelo rei Luiz XIII (1601-1643).
Os gatos, na
realidade, são dotados de particularidades anatômicas e fisiológicas
privilegiadas. É esse senso que permite que esses animais girem rapidamente no
ar quando estão caindo de cabeça, reposicionando-se e fazendo as adaptações
necessárias para assegurar a “aterrisagem”.
O gato esteve sempre unido à história
do homem com um carisma totalmente diferente ao do cão. Sempre foi vítima de
inverdades, inclusive que, para pessoas alérgicas, basta um contato com ele
para ter péssimos efeitos.
Durante
muitos anos foi dito que ter gatos em casa nos primeiros anos de vida aumenta
as chances de crianças serem alérgicas, mas um estudo mostra exatamente o
contrário, afirma o principal autor do relatório, Dennis Ownby, da Faculdade de
medicina de Geórgia, em Augusta. Altos níveis de alergênios de gato em casa
reduzem o risco de asma ao mudar a resposta imunológica aos felinos. Quanto
mais uma pessoa se expõe a alergênios, como partículas de pó ou pólen, mais
desenvolverá anticorpos e maior probabilidade terá de sofrer alergias ou
contrair asma.
De acordo
com um estudo publicado na revista Pediatrics,
sobre a população dos Estados Unidos, mais de 500 mil crianças com menos de 6
anos de idade não teriam a doença se os fatores de risco domésticos fossem
eliminados. Os pesquisadores analisaram 400 crianças durante sete anos e
descobriram que aquelas que estiveram expostas a dois ou mais animais de
estimação tiveram a metade das chances de se tornarem alérgicas.
Reações
alérgicas são causadas quando um anticorpo chamado imunoglobulina-E se associa
a uma célula sanguínea chamada célula-mestre. Ao se ligar ao anticorpo, a
célula-mestre libera substâncias químicas que causam as inflamações.
Há pelo
menos mais quatro estudos recentes sugerindo que o convívio nos primeiros anos
de vida com cães e gatos possa permitir que o corpo construa defesas contra os
agentes capazes de produzir alergia
Segundo o
cientista Dennis Ownby, a saliva, as fezes e a urina dos cães e gatos
transferem muitas bactérias do tipo gram-negativo e isso pode mudar a forma
como o sistema imunológico da criança reage a essas bactérias, ajudando a
protegê-la contra as alergias.
Para Ownby,
os resultados do estudo estão de acordo com o que os médicos chamam de
"hipótese da higiene". A tese é que o sistema imunológico de pessoas
que crescem em um ambiente limpo demais, sem contaminantes ambientais, pode
reagir em excesso quando se depara com substâncias que provocam alergia.
Os
pesquisadores da Universidade da Virgínia são otimistas sobre as descobertas do
estudo porque consideram que permitirão entender melhor a relação entre a asma
e a exposição aos alergênios, o que, por sua vez, poderá colaborar no
desenvolvimento de novos tratamentos dessa enfermidade.
O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking
de países com maior prevalência de doenças alérgicas, perdendo para o Reino
Unido, a Austrália, a Nova Zelândia e os EUA. Uma das hipóteses para explicar
esse aumento seria a do excesso de higiene.
Segundo
Luisa Karla de Paula Arruda, professora do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, é preciso analisar a pesquisa. Ela diz
que ainda não é possível afirmar se o efeito protetor das alergias é realmente
originado das endotoxinas encontradas nos animais. O animal pode, em tese,
proteger a maioria dos indivíduos, mas não posso dizer que isso vá acontecer
para o indivíduo A ou B. Na maioria dos casos, é provável que a exposição tenha
efeito protetor, mas essa proteção não é de 100%. Uma parte pode se
sensibilizar.
Para a
pediatra Maria Regina Guillaumon, desde que não interfira no desenvolvimento e
no crescimento das crianças, a presença de um animal de estimação é benéfica. Segundo
o veterinário Renato Miracca, 36, o estudo deve provocar muitos
questionamentos. "Às vezes o animal é retirado sumariamente de casa, mas a
reação alérgica pode estar sendo causada por outros fatores, como o cigarro e a
poeira do ambiente", orienta.
Durante a
gestação, muitas proprietárias de gatos ficam com dúvidas sobre a segurança no
convívio com esses animais. Embora a transmissão da toxoplasmose seja atribuída
ao gato ela é transmitida mais frequentemente por outros meios. Cuidados
simples permitem a convivência entre gatos e gestantes sem prejuízos.
Existe ainda
o mito de que a toxoplasmose é a “doença do gato”, e esse pensamento equivocado
é comum mesmo entre muitos médicos. Os gatos podem transmitir a doença, mas
para isso ocorrer eles devem estar infectados. Isso ocorre ao comer roedores,
passarinhos e outros animais contaminados. O parasita então é passado nas fezes
do gato na forma de oocisto, que é microscópio e pode ser ingerido pelo ser
humano em algumas situações: após limpar a caixa de fezes do gato ou comer
alguma coisa que entrou em contato com fezes de gato infectado com toxoplasma.
O gato que
fica dentro de casa, sem o hábito de caçar, raramente poderá estar infectado
com a toxoplasmose. Um exame simples de sangue no felino é suficiente para eliminar
as dúvidas.
Algumas
dicas para evitar a contaminação:
- Lavar as
mãos após o contato com carne crua;
- Lavar
pias, tábuas de carne e outros utensílios;
- A carne
deve ser bem cozida para o consumo;
- Lavar bem
as frutas e verduras;
- Limpar
diariamente a caixa sanitária do gato, pois assim as fezes são removidas antes
que os “ovos” possam se tornar contaminantes. As mulheres grávidas devem evitar
essa tarefa, ou utilizar luvas e depois lavar bem as mãos;
- Não
alimentar os gatos com carne crua, vísceras ou ossos e não permitir que saiam
de casa para que evitem o hábito da caça;
- Combater
vetores, como insetos, por exemplo.
Quanto a
questão da convivência de bebês e gatos, especificamente, não há problema algum
se algumas regras forem seguidas. Primeiramente, os animais devem estar com a
vacinação em dia. Tanto a Polivalente quanto a Anti-rábica.
A companhia
de um gato traz muitos benefícios psicológicos, e um deles é aliviar o
estresse. Poder cuidar de um animal, ter um gatinho para abraçar faz você se
sentir bem e reduz o nível de estresse, pois influencia positivamente o seu
humor.
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