FOGUETÓRIO

Na Holanda, é proibido soltar fogos de artifício, que só são permitidos na véspera do ano novo. Ai de quem soltar um rojão, ou o que seja, sem ser no réveillon, porque vai pra cadeia, com certeza. Em estádio de futebol e outros eventos, então, jamais. Pois é, país de primeiro mundo, né? Foguetório é coisa de gentalha.

Em SSCaí, até a prefeitura patrocina eventos com foguetório, dando muito mau exemplo. Daí, todos se acham no direito de, a qualquer pretexto, encher o saco dos outros. Aliás, no pensamento deles, isso só incomoda os cachorros e eles não estão nem aí. Besteira. Eu odeio foguetes e rojões e sei de MUITA GENTE que também odeia, contrariando esses idiotas.

Para acabar com a ignorância dessas pessoas, informo que MILHARES DE PÁSSAROS morrem por causa da barulheira, que, comprovadamente, perturba a saúde dos idosos, com o aumento da pressão arterial, e dos bebês, provocando choro e até vômitos. Viram? Não só os cachorros sofrem. Pelo jeito, esses “fogueteiros” odeiam gente também!!!

CAÇADOR BOM É CAÇADOR MORTO.

CARROCEIRO BOM É CARROCEIRO MORTO.

DEUS CRIOU OS PÁSSAROS, A MALDADE HUMANA INVENTOU A GAIOLA.

“Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado." (Elie Wiesel)

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." (Rui Barbosa)

"Existe 1 pessoa para fazer o bem, 10 para fazer o mal e 100 para criticar/atrapalhar quem faz o bem."

É PORQUE SOU TÃO TEIMOSA QUE INSISTO EM MUDAR O MUNDO."

(Mercedes Soza)

24 de julho de 2013

Mocinha não anda. Ela desfila!


          O dia 4 de fevereiro amanheceu chuvoso como os dois dias anteriores. Ao chegar no trabalho, minha amiga e eu percebemos que tinha uma galinha deitada no chão debaixo da chuva. Nós nos aproximamos e ela não se moveu. Continuou deitada e mal conseguia abrir os olhos. Sem que ninguém visse, pegamos um único pedaço de tecido disponível: um pedaço de TNT vermelho.
          Minha amiga, que tem mais experiência com esses bichinhos, disse que ela estava muito ruim e não iria "durar" muito tempo e que a única coisa que poderíamos fazer era tirá-la daquela chuva. Nós a envolvemos naquele pano e a colocamos debaixo de um registro de água, que fica no quintal da nossa creche e, muito tristes, tivemos que ir trabalhar deixando-a lá sozinha.
          No dia seguinte, pensando que a encontraria morta, fui vê-la.A bichinha ainda estava viva e na mesma situação. Então perguntei ao porteiro se ele não a queria levar pra casa mas disse que não poderia e ainda falou: "Do jeito que está, não passa de hoje!"
          Como eu nunca tinha colocado as mãos em um bichinho de penas e morria de medo, não fazia ideia de como faria para ajudar. Mas uma coisa eu já havia decidido: "se até o final do meu expediente, ela ainda estiver viva, não quero nem saber, vou levá-la comigo!" Mais uma vez, virei as costas e fui trabalhar.
          Durante o expediente, uma colega virou pra mim e disse: "Grasi, fizeram um despacho lá na frente e as meninas acham que é para alguém daqui, pois está do lado de dentro da creche." A diretora sabendo disso pediu que o porteiro que se livrasse do tal despacho! E assim ele fez, jogando a bichinha por cima do muro mesmo, segundo me disseram. Assim que terminou meu expediente, fui com o coração apertado vê-la. Ela estava na calçada de olhinhos fechados, mas viva ainda. Voltei pra creche e pedi uma caixa de papelão que seria usada para fins pedagógicos mas depois que expliquei para o que eu usaria, a diretora, mesmo relutante, cedeu. A mesma disse que pensou se tratar de um despacho, pois a galinha estava num pano vermelho. Cedeu a caixa e me desejou boa sorte. Pedi para minha amiga que a colocasse na caixa, pois eu ainda sentia medo de tocá-la.
          Liguei para minha casa, mas, no início, não tive apoio do meu marido, então fui pra casa da minha mãe. Chegando lá, eu abri a caixa e o que eu vi foi um animalzinho extremamente carente e debilitado. Respirei fundo e conversei com ela por pensamento: "Por favor, não me assuste, eu só quero ajudar..." E parece que nos entendemos. Tirei-a da caixa, dei banho para tirar toda aquela lama e ela ficou bem quietinha. Depois de secá-la com secador de cabelo, dei dipirona para dor e febre e soro na seringa. E a coloquei  numa caixa ao lado da cama onde dormi. Aliás, nesta primeira noite, não dormi. De meia em meia hora eu dava uma seringa de três ml de soro, e de vez em quando eu ficava olhando para ver se ainda estava respirando. Sinceramente eu não fazia ideia do que fazer. Imaginei que pelos dias que estava pegando aquela chuva, estava com febre e dor. Até mesmo porque seu corpinho estava quase que totalmente sem penas e além do mais, ela e stava muuuito magrinha. Seus ossinhos estavam bem visíveis.
          Na manhã seguinte, antes de ir trabalhar, minha mãe e eu a levamos a um veterinário, onde todos que ali aguardavam com seus cãezinhos comprados, conversavam sobre o valor das raças, enquanto eu aguardava a vez do bichinho que carregava, sem penas, ser atendido. Dá pra imaginar a cara do povo. Eu, de início, dei o nome de César, pois todos diziam que quem tem crista grande é galo. Nem mesmo a doutora notou a diferença. A vet disse que o galo estava com apenas um terço de seu peso ideal (1.400kg) e possivelmente com pneumonia, mas não acreditava que houvesse fratura, porém não me deu muitas esperanças. Receitou um antibiótico para a secreção nos pulmões, ração específica e cortou também suas unhas, que estavam encaracoladas de tão compridas. Depois de uns dias, levei-a de volta para minha casa. Ela esta va melhorando a cada dia, comendo muuuito bem, porém não andava, nem mesmo ficava de pé. Então decidi levá-la a um outro veterinário. Eu pensei que, se tivesse uma chance dela voltar a andar, não interessava a dívida que eu teria que fazer, mas a vida dela estava nas minhas mãos e isso era, para mim, responsabilidade minha, só minha. E eu faria o que pudesse para vê-la andando. Então comecei a procurar vets que atendessem a esses bichinhos, que não é nada fácil de encontrar. Achei a Clínica Preserve (Caxias). Quando chegou minha vez de ser atendida e tirei "Cesar" da caixinha de transporte, o doutor levou um susto: "Ué, pensei que fosse uma calopsita, minha secretária disse que era uma calopsita." Então ele riu. Na verdade, eu marquei a consulta por telefone e disse que era uma ave. Não entrei em detalhes. Depois de olhar a patinha, tentou apoia-la e então me disse que o animal estava num estado de caquexia, só pele e osso. E não se tratava de fratura, dispensando raio-x. Disse que precisaria ganhar músculos e reaprender a andar. Receitou vitaminas, cálcio, outro antibiótico, vermífugo e banhos de sol. E foi o que fiz. Com semanas de cuidados, meu esposo liga no meu celular e diz: "você não sabe o que aconteceu! César colocou um ovo!" Eu fiquei rindo no ônibus sozinha.
          No dia do retorno, perguntei ao doutor se havia jeito dela não colocar mais ovinhos pois ainda nem estava andando. E ele disse que era normal, que era a resposta dela ao tratamento com boa alimentação, cálcio, banhos de sol. Disse também que, com um pouco mais de treino, ela já, já estaria andando. E ela começou a andar.


        Hoje a Mocinha já tem seu corpinho todo coberto por penas branquinhas, tem uma cama quentinha, que ela adora, e de vez em quando curte um colinho.
          Agora a Mocinha não anda, ela desfila! Ontem foi dia de banho. Sei que não é muito bom dar banhos frequentes mas, por ela ter ficado acamada por um tempinho, não podia correr riscos dela adoecer por causa dos cocozinhos, e o banho de ontem foi porque ela fica no banheiro me esperando chegar para soltá-la e numa dessas vezes ela me ouviu chegando e desesperada para me ver, escorregou e caiu em cima do próprio cocozinho e se sujou muito.

(Texto e fotos: Grasielle Pimentel)

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