***Por que não tenho escola de samba***
Chega o carnaval e, invariavelmente, aquela pergunta que só ocorre ano a ano surge: E aí, para quem vai torcer nos desfiles? Com um sorriso habitual, respondo que para nenhuma. "Ah, então você não gosta de carnaval?". Bem, creio que gostar ou não de carnaval não tenha qualquer relação com ter ou não uma escola de samba. mas, de qualquer maneira, respondo também que sim, gosto de carnaval porque é um tempinho para relaxar, curtir uns dias de mini-férias (ainda mais neste ano que, de fato, não tive férias). Não sou afeito a muvuca, farra frenética. A ideia de que, no carnaval "somos de todo mundo e todo mundo é nosso", comigo não funciona.
Bem, mas a questão era outra. Falava das escolas de samba. Parece que somos obrigados a ter uma escola para a qual torcer (ainda que por apenas quatro dias). Afinal, alguém fica vibrando pelas escolas durante todo o ano? Creio que não. Mas, como dizia, torcer/não torcer por uma escola de samba, no meu caso, não tem relação com gostar/não gostar de carnaval. Para mim, a questão é muito mais séria (e grave): as fantasias são, em sua (quase) totalidade, ornamentadas com penas. Pelo que li, há fantasias que chegam a levar mais de três mil penas de faisão!
Para muitos, claro, isso seria um argumento babaca, insustentável, insuficiente. Para mim, não há a necessidade de nenhum outro. Neste sentido, torcer para alguma agremiação seria fechar os olhos para tal questão. E, assim, trair aquilo que passei a ter como princípio ético. Parece forte – e talvez seja mesmo – mas não levantar bandeira de escola de samba é, para mim, questão ética. Não posso compactuar com esse mercado do espetáculo. Alguém pode me responder o que acontece com o faisão depenado? Mas, claro, ficamos inebriados demais com tanta beleza das fantasias, das alegorias. Que importância tem depenar centenas (milhares?) de faisões e outras aves? Viva o espetáculo! Viva a alegria do carnaval!
“Mas aos desfiles você assiste...”, esboça-se uma assertiva ou pergunta, que não deixo completar. Não, não os assisto. Seria como lutar tanto para que rodeios acabem e, na primeira oportunidade, assistir a um pela TV (e vibrar). Desfile de escola de samba não tem minha audiência. Digo mais: sequer deveria receber investimento do poder público. Eu não deveria ser obrigado a arcar e contribuir com isso...
Uma vez já me disseram: "quer ser feliz, viva na ignorância". Uma vez conhecendo, para mim, portanto, já não há mais possibilidade de torcer para uma escola de samba. Seria compactuar com um luxo que é fruto de crueldade sem limites. Seria como me vender a um mercado inescrupuloso.
E aquilo em que acredito não está à venda.
Roberto Nunes Bittencourt
*** Nesta cidade de SSCaí faz-se o Carnaval exclusivamente com dinheiro público, o NOSSO dinheiro. Tudo por votos. Mas cadê a "iniciativa privada"? Isso é coisa de setor privado! Não vivem falando que tudo tem de ser privatizado? Mas na hora do "privado" botar a mão no bolso, aí, não! Aí o "público" tem de entrar em cena, pra salvar o "espetáculo". Não vou entrar no mérito de ser contra ou a favor de carnaval. Cada um sabe de si. Mas que o Carnaval tem de ser "privatizado", disso eu não tenho a menor dúvida!!! Daí, não sobra grana pra que a prefeitura cumpra as suas OBRIGAÇÕES legais. E Carnaval pode ser considerado cultura e coisa e tal, mas "obrigação" não é, não mesmo!!! Ainda mais dar o MEU dinheiro pra essa crueldade contra os animais, assim como faz na promoção do RODEIO, outro absurdo feito com dinheiro público, que também tem de ser privatizado. Com o MEU dinheiro, NÃO !!!
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