MEL: RELATO DE UM EX-APICULTOR BRASILEIRO SOBRE A CRUELDADE ENVOLVIDA
NA PRODUÇÃO
Entenda por que veganos não consomem mel
Muitas
pessoas desconhecem os motivos pelos quais veganos não consomem mel. O
depoimento do jovem Leandro Petry, de Lajeado-RS, vai ajudar você a entender
melhor sobre a crueldade envolvida na produção deste “alimento”. Além do fator
ético, o mel não é um “alimento” tão inocente quanto sempre nos fizeram
acreditar. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não recomenda a
injestão de mel por crianças abaixo de um ano. O objetivo da orientação é
prevenir a ingestão de esporos da bactéria Clostridium botulinum, bacilo
responsável pela transmissão do botulismo intestinal (leia abaixo).
Abelhas sentem dor?
Sim. Abelhas
e outros insetos sentem dor, segundo pesquisador da USP. A matéria foi
publicada em setembro de 2011 e explica a conclusão do fisiologista Gilberto
Xavier. Leia aqui.
Confira na íntegra o depoimento do ex-apicultor – hoje vegano – Leandro
Petry
“Por um
período de cerca de 6 anos, participei da extração de mel de modo bem
“artesanal”, mas que pouco difere do modo profissional, uma vez que os
equipamentos para tal atividade são baratos e de fácil aquisição. Por período
de tempo que não me recordo com exatidão, vi também outras pessoas
compartilharem desta prática, sendo que algumas delas a faziam com finalidade
comercial. A prática que ainda é vista de maneira passiva quanto ao bem estar
das abelhas e, até mesmo, do meio ambiente, de responsabilidade ambiental pouco
tem e a compaixão para com os animais, é inexistente. No texto adiante, relato
minha experiência com a apicultura no pequeno intervalo em que me encontrei
como colaborador da prática.
A fase
inicial consiste em acender a brasa dentro do fumigador. O material utilizado
para a combustão varia. No nosso caso, usávamos palha e sabugo de milho
triturado na maioria das vezes, mas houve casos em que um pouco de serragem foi
adicionado. A fumaça sempre esteve longe de ser suave, muito pelo contrário,
era densa e de difícil inalação, tanto que, o mais leve dos ventos, ao
carregá-la para próximo de nossos olhos, causava profunda irritação e logo
desatávamos a lacrimejar. Para as abelhas então, a menor das baforadas,
tombava-as ao chão onde permaneciam por longo período, contorcendo-se e, não
raramente, acabando por morrer.
Sua morte e
sofrimento não eram apenas provenientes da asfixia pela fumaça, mas também
porque a fumaça, logo que sai da fonte, é muito quente, e com isso acabava
matando e torturando também pela queima.
Após
vestirmo-nos e o fumigador encontrar-se apto para o serviço, passávamos a abrir
as caixas onde se encontravam as colmeias. Primeiro, dávamos uma baforada na
abertura por onde as abelhas tinham o acesso do meio interno ao meio externo, e
vice-versa, da coméia para que não saíssem da mesma e nos atacassem. Esse era o
nosso “cartão de visitas”, e já ele deixava claro o quão mal fazia a fumaça aos
pequenos insetos, pois, a partir daquele momento, tornavam-se muito agitadas e
agressivas e alguns indivíduos eram mortos. Na sequência, a caixa era aberta.
Logo que isso era feito, mais vezes o fumigador era posto para trabalhar, porém
agora diretamente sobre as abelhas, as larvas e os ovos e todas as demais
estruturas da comeia. O objetivo era fazer com que se não pudessem voar e,
novamente, nos atacar, não obstante, muitas o faziam, mesmo muito atordoadas e
intoxicadas, e frequentemente acabavam por cair no chão e ali agonizavam,
muitas vezes até a morte.
Após toda
essa agressão de nossa parte, passávamos a tirar os favos de mel e logo íamos à
procura das celas que continham a geléia real e as larvas que dariam origem às
próximas rainhas para que matássemos a mesmas, impossibilitando a formação de
novos enxames e um possível enfraquecimento do atual. Nessa parte, matávamos
muitas abelhas, pois esmagávamos muitas com as nossas mãos e com os
instrumentos usados na etapa em questão, além do número de insetos mortos que
aumenta devido também ao uso do fumigador.

A etapa
seguinte era a centrifugação dos favos para a retirada do mel. Isso sempre era
feito pela noite, pois então as abelhas estariam menos agressivas e estão
podíamos nos vestir com roupas “normais”, pois com elas ficávamos mais a
vontade, e nos tranquilizar quanto à possibilidade de sermos ferroados. Mesmo
tentando retirar todas as abelhas dos favos, muitas neles permaneciam e eram
postas justo no centrifugador, onde, mais uma vez, morriam em grande número,
fosse por afogamento no próprio mel que elas haviam fabricado fosse por esmagamentos
nas engrenagens da máquina utilizada nesta etapa.
A extração
do mel sempre esteve longe de ser gentil e de não gerar morte e sofrimento às
abelhas. Deveria mais era ser caracterizada como um roubo, uma vez que a
própria palavra “extração”, ou “retirada”, não tem competência etimológica para
designar a falta de valores éticos e morais para com os animais que precedem a
prática da apicultura. Sendo ela realizada com finalidade comercial ou para
consumo próprio, em larga ou pequena escala, com ou sem a utilização do
fumigador, etc. Partilho da minha experiência para afirmar que NÃO, A
APICULTURA NÃO É UMA PRÁTICA PACÍFICA E HUMANITÁRIA!”
Leandro Petry
Ex-apicultor, ex-piscicultor, ex-pecuarista e ex-avicultor,
hoje Vegano
Lajeado-RS
(Publicado em ViSta-se)
Menores de um ano devem evitar o consumo de mel
A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que crianças com menos de
um ano de idade não consumam mel. O objetivo da orientação é prevenir a
ingestão de esporos da bactéria Clostridium
botulinum, bacilo responsável pela transmissão do botulismo intestinal. Não
existem restrições ao consumo de mel por crianças com mais de um ano de idade e
adultos sem problemas de saúde relacionados à flora intestinal.
Apesar de
não haver confirmação de casos da doença no Brasil, a atuação da Anvisa está
fundamentada em publicações oficiais da Secretaria de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde (como, por exemplo o Manual Integrado de Vigilância Epidemiológica do Botulismo -
PDF) e publicações científicas
sobre contaminação do mel brasileiro com Clostridium
botulinum. Resultados de pesquisas
(PDF) apontam que 7% das 100
amostras de mel comercializadas por ambulantes, mercados e feiras livres, em
seis estados brasileiros, estavam contaminadas com o bacilo.
O assunto
foi pautado pela Agência em duas reuniões da Câmara Técnica de Alimentos, fórum
formado por professores especialistas que fornecem suporte técnico à Gerência
Geral de Alimentos da Anvisa. “A discussão ocorrida na Câmara Técnica de
Alimentos resultou na publicação do Informe Técnico
37, que alerta pais e educadores para não incluir o mel na alimentação de
crianças menores de um ano”, explica a diretora da Anvisa, Maria Cecília
Martins Brito.
O botulismo
intestinal só se inicia após a transformação dos esporos do Clostridium botulinum para a forma
vegetativa (início das atividades metabólicas do microrganismo). Na forma
vegetativa, esse bacilo se multiplica e libera toxina botulínica no intestino.
“É importante lembrar que a multiplicação do Clostridium botulinum e liberação da toxina no intestino só ocorre
em crianças que ainda não possuem a flora intestinal completamente formada ou
em adultos com alguma doença que possa alterar essa flora protetora”, afirma
Brito.
Em adultos
sem problemas relacionados à flora intestinal, o consumo desses esporos nos
alimentos não gera qualquer tipo de problema para a saúde. “A vigilância
sanitária está trabalhando com o princípio da precaução, uma vez que o alto
teor de açúcar e a baixa atividade de água, próprios do mel, impedem a
germinação do esporo e, conseqüentemente, a produção da toxina”, finaliza a
diretora da Anvisa.
Botulismo
O botulismo
é uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa, resultante da ação de uma
potente toxina produzida pela bactéria Clostridium
botulinum. Quando provocada pela ingestão de alimentos contaminados, é
considerada doença transmitida por alimento. Nas amostras de alimentos é comum
encontrar formas esporuladas do Clostridium
botulinum, em especial no mel.
O botulismo
intestinal é um modo de transmissão do botulismo e ocorre com maior freqüência
em crianças com idade entre 3 e 26 semanas. Está associado à ingestão de
esporos da bactéria presentes em alimento contaminado.
De acordo
com a Portaria 5/2006, da Secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde, o botulismo é doença de notificação compulsória. As suspeitas de casos
exigem notificação à vigilância epidemiológica local e investigação imediata.
(Informações:
Ascom/Assessoria de Imprensa da Anvisa)
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