VEGANISMO – COMO ENFRENTAR AS CAUSAS DA CRUELDADE ANIMAL
Por Renata Octaviani Martins | Atualmente, tivemos um evento do qual participaram inúmeras pessoas que, com certeza, se importam com animais em algum nível. Entretanto, será que todos que participaram do evento já pararam pra pensar realmente sobre isso? O WEEAC – sigla para “evento mundial pelo fim da crueldade contra animais” – aconteceu simultaneamente em todo o mundo e defendia o ABOLICIONISMO, o que traz mudanças profundas na maneira de enxergar os animais. Mas, o que isso quer dizer, como afeta a forma como enxergamos os animais e que consequências pode ter? De forma muito resumida, algumas perguntas, respostas e sugestões de sites para mais informações:
a) O que é “ABOLICIONISMO”?
A palavra vem como analogia, pela situação de exploração e cerceamento da liberdade dos animais, como se eles existissem para nos servir. Assim como na época nos escravos, guardadas as devidas proporções, não lutamos por melhores condições para manutenção da escravidão, mas sim pelo fim da mesma. Por isso não aceitamos soluções como “abate humanitário” ou “melhores condições na produção”.
b) O que é “direito de não ser propriedade”?
Animais não existem para serem usados e abusados pela humanidade. Animais existem por suas próprias razões e interagem na natureza, da qual fazemos parte, mas que temos condições de compreender e modificar pela nossa razão e ética. Em relação a animais domésticos, por exemplo, é ser favorável à adoção, nunca à criação/venda (sem “seleção genética de raças”, independente das condições em que essa ocorra), preferindo o termo TUTELA responsável ao invés de “posse”. Em relação a animais ditos de produção (bois, porcos, aves, peixes, moluscos, crustáceos, etc.), não se aceita fazer parte da cadeia de consumo. É ser contra o ESPECISMO, ou seja, impor inferioridade e exploração em razão de um ser pertencer a outra espécie.
c) Por que eu deveria respeitar esse direito?
As razões residem na SENCIÊNCIA dos animais. Animais, em geral, não apenas os domésticos, expressam emoções, têm capacidade de sentir dor, relações sociais entre membros da própria espécie e até de outras (incluindo a humanidade), lamentam a morte de outros membros e manifestam claramente mecanismos de defesa da própria vida, além de formas de evitar a dor. Enquanto animais forem entendidos como propriedade, o interesse humano será visto como prioridade, em detrimento do sofrimento animal. Mudando a forma de enxergá-los, inúmeros atos de crueldade não teriam sequer chance de ocorrer.
d) Mas animais de produção não existem apenas para que possam ser abatidos ou possamos utilizar seus produtos?
Não. Animais de produção não deixam de ser animais e terem todas as características necessárias para que os respeitemos pelo que são; não pelo que pretendemos fazer com eles. O fato da maior parte da humanidade sentir prazer em alimentar-se de animais cruelmente abatidos e explorados para produção de carnes e produtos de origem animal (ovos, leite, mel, peles, pêlos, etc.), em condições que atendem primordialmente critérios de produção (não a realidade dos animais), não muda o fato de que essas condutas serem desnecessárias, moralmente reprováveis e causarem sofrimento e mortes. A redução do consumo causaria, necessariamente, uma redução nos nascimentos e esses animais poderiam a longo prazo serem reintroduzidos em condições naturais ou santuários. Da mesma forma que touros – mesmo que criados com essa intenção – não são feitos para rodeios/touradas e criação de cobaias para testes não justifica a crueldade dos testes em animais.
e) Como posso incorporar isso no dia a dia?
Através do ativismo, que significa simplesmente colocar em prática aquilo em que se acredita, recusando-se a financiar e perpetuar a exploração animal. No caso dos abolicionistas, tornar-se VEGANO é a forma de mudar nossa relação com os animais, passando da exploração para a compreensão e respeito. Ainda, buscando sempre soluções para ampliar cada vez mais as opções veganas, inclusive na própria área de atuação profissional.
f) O que é VEGANISMO?
Veganismo é o modo de vida baseado no vegetarianismo estrito (sem carnes, ovos, leite, mel ou qualquer produto de origem animal), esforçando-se ao máximo para excluir, não só da alimentação, o uso de produtos oriundos da exploração e do sofrimento dos animais (produtos de higiene e vestuário, entre outros testados em animais, venda de animais de estimação, rodeios, circos com animais, etc). A culinária vegana, por exemplo, é deliciosa e fornece nutrição completa e saudável. Informe-se nos diversos sites e livros disponíveis sobre o assunto.
Informe-se mais sobre o assunto:
*Veganismo:
*Abolicionismo Animal:
*Material para Crianças:
*Nutrição e Culinária Vegana:
*Publicações de Interesse:
- Revista dos Vegetariano (mensal; Editora Europa)
- Virei Vegetariano, e agora? (Editora Alaúde)
- Alimentação Sem Carne (Editora Alaúde)
- Comer Animais (Editora Rocco)
- Jaulas Vazias (Editora Lugano)
(Postado em Rede Social Vista-se)
NUTRICIONISTAS ENSINAM COMO FORÇAR UMA CRIANÇA A COMER ANIMAIS
Embora não seja considerada uma tarefa fácil, encontrar crianças que não querem comer nenhum tipo de carne e outros alimentos de origem animal está cada vez mais comum. Mesmo crianças muito pequenas, sem conhecimento e maturidade suficientes para tomar decisões de forma consciente, rejeitam comer animais. Talvez seja a evolução natural da nossa espécie se mostrando.
Porém, um dos maiores obstáculos que surgem no caminho destes “pequenos veganos de fábrica” é a falta de informação de grande parte dos médicos e nutricionistas. Presos a paradigmas da profissão, indicam às mães que mascarem os alimentos, se preciso, para não deixar de dar animais para que seus filhos comam. As mães, claro, entendem por decreto o que os profissionais dizem. Com razão, por medo. Foi exatamente o que aconteceu com a jornalista Rosana Jatobá. Não, Rosana ainda não é vegana. O “ainda” cai bem aqui porque ela está em busca de informações sobre veganismo e vem travando uma pequena guerra com seus médicos e dentro de sua própria casa. Seis meses depois do parto dos gêmeos Lara e Benjamin, Rosana não teve argumentos suficientes para aguentar a pressão de sua família e do pai das crianças: introduziu carne na dieta delas. Claramente contra a vontade da mãe, o pediatra usou de velhas pérolas para convencer a jornalista e, infelizmente, conseguiu.
Como muitas outras pessoas que têm dúvidas em relação ao veganismo, Rosana se viu obrigada a dar animais para suas crianças por medo dos argumentos falhos e ameaçadores do pediatra: “A carne é essencial para o desenvolvimento infantil. O adulto até pode suprir as deficiências nutricionais por meio de medicamentos, mas para quem está em idade de crescimento, há risco de desenvolver doenças crônicas e os danos costumam ser irreversíveis para as funções cognitivas”, disparou o Dr. Paulo Telles.
O bacana é que a Rosana publicou um texto bem completo explicando a situação em seu blog na Globo, assim todos nós podemos ajudá-la nessa busca. Aqui mesmo no Vista-se temos alguns links legais sobre veganismo e crianças: Seria bem fácil julgá-la, mas é sempre bom lembrarmos que a maioria de nós não nasceu vegano e que passou por fases parecidas. É tempo de ajudar. Leia a situação dela e sugira soluções, clique aqui para ir ao blog dela. Neste artigo, do site “Bolsa de Mulher”, alguns profissionais insistem na velha e ultrapassada forma de garantir o ferro e outros minerais na alimentação das crianças: carne. “Ofereça pelo menos umas dez vezes para saber se realmente ela ainda não se acostumou ao gosto do bife. Você deve insistir: as tentativas são necessárias”, diz um trecho da matéria. Um bom profissional deve se manter atualizado. Se o seu nutricionista manda seu filho comer carne, troque de nutricionista.
OBS.: Júlia, a filha de uma amiga, nunca quis comer carne, nada mesmo. E não adiantava insistir. Ela não gostava e pronto. Agora ela deve estar uma moça, espero que tenha mantido o seu “gosto”. Que eu saiba, ainda está viva, não morreu de desnutrição.
(Rede Social Vista-se)
A FALTA QUE O RESPEITO FAZ
Leonardo Boff
“Um dos critérios de uma cultura é o grau de respeito e de autolimitação que seus membros se impõem e observam. Surge, então, a justa medida, sinônimo de justiça.”
A cultura moderna, desde os seus albores no século XVI, está assentada sobre uma brutal falta de respeito. Primeiro, para com a natureza, tratada como um torturador trata a sua vítima com o propósito de arrancar-lhe todos os segredos (Bacon). Depois, para com as populações originárias da América Latina. Em sua Brevíssima Relação da Destruição das Indias (1562), conta Bartolomé de las Casas, como testemunho ocular, que os espanhóis “em apenas 48 anos ocuparam uma extensão maior que o comprimento e a largura de toda a Europa, e uma parte da Ásia, roubando e usurpando tudo com crueldade, injustiça e tirania, havendo sido mortas e destruídas vinte milhões de almas de um país que tínhamos visto cheio de gente e de gente tão humana”(Décima Réplica). Em seguida, escravizaram-se milhões de africanos trazidos para as Américas e negociados como “peças” no mercado e consumidos como carvão na produção.
Seria longa a ladainha dos desrespeitos de nossa cultura, culminando nos campos de extermínio nazista de milhões de judeus, de ciganos e de outros considerados inferiores. Sabemos que uma sociedade só se constrói e dá um salto para relações minimamente humanas quando instaura o respeito de uns para com os outros. O respeito, como o mostrou bem Winnicott, nasce no seio da família, especialmente da figura do pai, responsável pela passagem do mundo do eu para o mundo dos outros que emergem como o primeiro limite a ser respeitado. Um dos critérios de uma cultura é o grau de respeito e de autolimitação que seus membros se impõem e observam. Surge, então, a justa medida, sinônimo de justiça. Rompidos os limites, vigora o desrespeito e a imposição sobre os demais. Respeito supõe reconhecer o outro como outro e seu valor intrínseco, sejam pessoas ou qualquer outro ser.
Dentre as muitas crises atuais, a falta generalizada de respeito é seguramente uma das mais graves. O desrespeito campeia em todas as instâncias da vida individual, familiar, social e internacional. Por essa razão, o pensador búlgaro-francês Tzvetan Todorov, em seu recente livro O medo dos bárbaros (Vozes 2010), adverte que se não superarmos o medo e o ressentimento e não assumirmos a responsabilidade coletiva e o respeito universal, não teremos como proteger nosso frágil planeta e a vida na Terra já ameaçada.
O tema do respeito nos remete a Albert Schweitzer (1875-1965), prêmio Nobel da Paz de 1952. Da Alsácia, era um dos mais eminentes teólogos de seu tempo. Seu livro A história da pesquisa sobre a vida de Jesus é um clássico por mostrar que não se pode escrever cientificamente uma biografia de Jesus. Os evangelhos contêm história, mas não são livros históricos. São teologias que usam fatos históricos e narrativas, com o objetivo de mostrar a significação de Jesus para a salvação do mundo. Por isso, sabemos pouco do real Jesus de Nazaré. Schweitzer comprendeu: histórico mesmo é o Sermão da Montanha e importa vivê-lo. Abandonou a cátedra de teologia, deixou de dar concertos de Bach (era um de seus melhores intérpretes) e se inscreveu na faculdade de medicina. Formado, foi a Lambarene, no Gabão, na África, para fundar um hospital e servir a hansenianos. E aí trabalhou, dentro das maiores limitações, por todo o resto de sua vida.
Confessa explicitamente: “o que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos, mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum sentido. O que importa mesmo é tornar-se um simples ser humano que, no espírito de Jesus, faz alguma coisa, por pequena que seja”.
No meio de seus afazeres de médico, encontrou tempo para escrever. Seu principal livro é Respeito diante da vida, que ele colocou como o eixo articulador de toda ética. “O bem”, diz ele, “consiste em respeitar, conservar e elevar a vida até o seu máximo valor; o mal, em desrespeitar, destruir e impedir a vida de se desenvolver”. E conclui: “Quando o ser humano aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante; a grande tragédia da vida é o que morre dentro do homem enquanto ele vive”.
Como é urgente ouvir e viver essa mensagem nos dias sombrios que a humanidade está atravessando!
A SELVAGERIA CAIPIRA DOS RODEIOS
Antonio Veronese
Circulam na internet imagens assustadoras dos bastidores das "festas" de peão e boiadeiro. Hipócrita a classificação de "festa" para um espetáculo onde animais indefesos são humilhados e agredidos!!!
Assim como no racismo, devemos refletir sobre a imoralidade do especismo que nos autoriza "sentenciar" o destino de outras espécies submetidas à nossa inteligência "superior". O filosofo Peter Singer lança sobre essas trevas um facho de luz e de esperança.
Disfarçado pelo eufemismo de "festa", esse moderno-circo-de-horrores é fortemente contestado em todo o mundo civilizado e, mesmo em Espanha - onde as corridas de touro confundem-se com a própria identidade do país - a sociedade, com seu engajamento, impôs sua proibição a mais de uma quinzena de cidades.
Como em Espanha, a luta para proibir os rodeios vai encontrar forte resistência no Brasil, especialmente devido às cifras astronômicas envolvidas nesses espetáculos. Alguém chegou a escrever-me, argumentando que "... parte dos lucros de Barretos vai para o Hospital do Câncer...", como se isso a tudo justificasse!!! Pergunto: se parte do dinheiro do tráfico de drogas for doado ao hospital do câncer, isso desagrava esse recurso de suas origens???
Proponho um engajamento contra essa orgia de violências, essa selvageria caipira dos rodeios onde "homens" pretendem fazer prova de valentia humilhando animais indefesos... E ouso sonhar com um Brasil onde o desrespeito aos animais seja punido pela lei e repudiado por toda a sociedade.
(Postado na Rede Bichos)
OBS.: Esse artigo pode se referir ao Rodeio de Barretos, SP, que, graças a Deus e aos protetores de animais, está recebendo chumbo de tudo que é lado, mas também se refere às "tradições" e "cultura" do povo gaúcho. Minha esperança é que, num futuro nem tão distante, seja aberta guerra contra essas porcarias de rodeios que acontecem em todo o estado do RS, tal qual outros eventos "divertidos" em todo o país. Chega. Que vão dançar, declamar, TRANSAR, desfilar a pé, mas a cavalo, NÃO !!! Rodeio??? NÃO !!! Essas tais cavalgadas??? NÃO !!! Um dia, vamos chegar lá: à evolução, ao respeito a todas as formas de vida (que tanto falam, mas não cumprem), à modernidade, ao verdadeiro "progresso", tanto físico quanto espiritual.
CORRUPTOS, OS ESPANTALHOS ÚTEIS DO CAPITALISMO
“Jamais o prejuízo causado ao cidadão comum pela corrupção e o desperdício, em todas as esferas governamentais, será remotamente equiparável ao que lhe impõe o parasitismo capitalista em si.”
Celso Lungaretti*
“Corrupção mata. Entender isso é fundamental para atacar um dos males que mais empacam o desenvolvimento socioeconômico e político do Brasil” – escreve Marina Silva, que saiu do Partido Verde, mas continua patinhando nas águas rasas do reformismo.
Morena Marina, você se pintou… Está repetindo como papagaio a cantilena que convém ao sistema e, por isso mesmo, é martelada dia e noite pela indústria cultural.
O capitalismo, ele sim, mata.
Mesmo que um milagre divino dele extirpasse totalmente a corrupção que lhe é inerente, ainda assim continuaria malbaratando o potencial hoje existente para se proporcionar uma existência digna a cada habitante do planeta. E poderá vir até a causar a extinção da espécie humana, ao submeter nosso meio ambiente ao primado da ganância desmedida.
Jamais, JAMAIS, o prejuízo causado ao cidadão comum pela corrupção e o desperdício em todas as esferas governamentais será remotamente equiparável ao que lhe impõe o parasitismo capitalista em si, começando pelas casas de agiotagem legalizada conhecidas como bancos.
Mas, lembrando o filme Os Suspeitos (d. Bryan Singer, 1995), o grande truque do diabo é fingir que não existe.
Então, a mídia habilmente direciona a ira das massas contra os corruptos que, gerados e mantidos pelo capitalismo, não só lhe servem de biombo, como se revezam no papel de espantalhos úteis.
A contrapartida por seus privilégios é serem obrigados a suportar estigmatizações momentâneas e perda dos cargos, às vezes até uma pequena temporada na prisão, com a garantia de adiante voltarem à tona, belos e lampeiros. São os títeres utilizados pelo diabo para que o povo não perceba qual é a causa última dos seus males.
E, como tais, preservados por aquele a quem venderam a alma: depois das shakespearianas tempestades de som e fúria significando nada, reassumem discretamente suas posições e não se fala mais nisso.
De Paulo Maluf a Fernando Collor, passando por anões, sanguessugas e mensaleiros, os envolvidos nos episódios mais emblemáticos de corrupção nunca amargaram o ostracismo definitivo. Como benefício adicional, a redução da política a um permanente mar de lama é tudo de que precisam os interessados em disseminar o desencanto e o egoísmo, para afastar os trabalhadores dos caminhos que levam à sua libertação.
Enquanto tal espetáculo de sombras chinesas fornece circo e catarse inócua aos explorados, o capitalismo continua desgraçando-os impunemente.
Só mataremos o monstro cortando sua cabeça. Os tentáculos crescem de novo, indefinidamente.
(Publicado em Congresso em Foco – 20-08-2011)
COMO ACABAR COM A CORRUPÇÃO